Blog do João Lins

Lá em meados de 2012 eu publiquei aqui uma série de posts alertando que a redução temporária do IPI para carros zero km era um tiro no pé do Governo, que o ideal não era a redução temporária, mas sim a extinção do imposto. Não deu em outra. O mercado de carros hoje depende exclusivamente de tal redução. As montadoras estão com os pátios lotados, as concessionarias não vendem a meta e o resultado disso tudo é o mesmo de sempre. Demissões em massa.

O mercado de carros usados viveu em plena montanha-russa durante todo o ano de 2012 e fechou o ano no vermelho. Bem, com relação ao mercado de carros novos o cenário não foi muito diferente, mas com os incentivos do governo, fechou o ano em alta. Agora, o setor de usados entrou em queda livre. O principal motivo é a redução da concessão de crédito, que caiu cerca de 10%. Como se viu, graças à queda dos juros, as pessoas financiaram mais – boa parte por impulso, sem base financeira – com isso o número de inadimplentes subiu e consequentemente os bancos ficaram mais exigentes. Exigência que atingiu principalmente o mercado de carros usados. Isso porque, na concepção dos bancos, quem compra carro usado está mais sujeito a ficar inadimplente do que quem compra um zero km. De fato, os números podem confirmar isso, mas em longo prazo essa reação pode causar um estrago nas revendas de todo o país. Isso porque, até há pouco tempo, a grande dificuldade de quem comprava um zero km e entrava co...

Não é novidade nenhuma o aumento do preço da gasolina no Brasil. No ano passado o Governo já havia feito um reajuste e, também, na ocasião, afirmou que não haveria repasse para o consumidor. Apesar das manobras, em algumas regiões, de fato, os preços continuaram os mesmos, mas em boa parte do Brasil o combustível ficou mais caro. Desta vez não vai ser diferente. O grande problema é que a partir de maio o Governo vai aumentar a porcentagem de álcool anidro na Gasolina, de 20% para 25%. E qual é o grande problema disso?

Não, mas já é um começo. Imagine que o preço de produção de um simples farol seja de cem reais, incluindo aí os impostos da folha de pagamento dos funcionários, conta de luz, água, telefone e tudo mais. O farol sai da fábrica para a montadora, ou para uma loja em algum lugar do país. Neste trajeto, há pedágios, alto preço da gasolina, do transporte, logística, etc. Chegando ao destino, há mais impostos. Novamente os da folha de pagamento de funcionários, IPI, etc, conta de água, luz telefone, etc. Sem falar do aluguel, que, se houver, não está nada barato.

A Senadora Ana Amélia do PP/RS levou para o senado o que, há anos, já se discutia. Por que o carro no Brasil é tão ruim e tão caro? A proposta da Senadora é boa. Mas vai adiante? Gente muito mais poderosa tentou fazer o mesmo e se lascou. O problema é muito maior do que a gente imagina e não será numa audiência pública que saberemos a verdade existente por trás do alto preço dos carros.

Imagine que o preço de produção de um simples farol seja de cem reais, incluindo aí os impostos da folha de pagamento dos funcionários, conta de luz, água, telefone e tudo mais. O farol sai da fábrica para a montadora, ou para uma loja em algum lugar do país. Neste trajeto, há pedágios, alto preço da gasolina, do transporte, logística, etc. Chegando ao destino, há mais impostos. Novamente os da folha de pagamento de funcionários, IPI, etc, conta de água, luz telefone, etc. Sem falar do aluguel, que, se houver, não está nada barato.

Se por um lado alguns carros 0 km ficaram mais baratos, por outro lado os usados e seminovos ficaram mais desvalorizados, obrigando o consumidor a desembolsar mais dinheiro na hora de trocar o seu veículo, aumentando ainda mais o número de brasileiros endividados. Olhando por esta perspectiva, o brasileiro nunca viu, ou, sentiu o efeito do IPI reduzido em seu bolso. Pelo contrário. O que se viu, foi um bando de desesperados, ansiosos por trocar de carro, contraindo dívidas que dificilmente conseguirão pagar. Mesmo porque, no Brasil, não é nada fácil manter um carro. A prestação somada ao combustível (um dos mais caros do mundo), mais manutenção (que já vai estar alta) e por último, e não menos importante, todas as taxas e impostos como IPVA, Controlar, pedágios etc. só vão levar o consumidor a um fim: vender o carro para pagar as contas.

Citando aquela propaganda horrorosa da Brahma em que o Michel Teló diz claramente, "agora que está na moda ser brasileiro eu acordei chinês". Deve ser moda mesmo Sr. Teló. No mundo todo. Deve estar na moda cobrar impostos abusivos de um povo miserável, que trabalha 200 dias por ano para sustentar o Estado. Sim. Um trabalhador brasileiro que ganha até dois salários mínimos é obrigado a trabalhar 200 dias por ano para sustentar o Estado! Quase 54% deste salário vai direto para o Estado! Estado, este, que não retribui à altura ou em quase nada. O exemplo no vídeo é apenas de um carro. E os absurdos impostos dos alimentos? Dos materiais escolares? Dos remédios? É bom ser brasileiro, né?

A notícia é essa mesmo. O governo federal vai cortar o benefício, do IPI reduzido, para as montadoras que demitirem funcionários. A primeira vítima é a GM. Depois de anunciar um plano de demissões em massa, na fábrica de São José dos Campos/SP, a GM corre um sério risco de perder o benefício. Se é que algum carro da GM já foi vendido com IPI reduzido.

Enquanto as quatro grandes, Fiat, Chevrolet, Volkswagen e Ford perderam de 1,4% a 12,7% em vendas, a Nissan foi a que mais cresceu no comparativo de março de 2011 e março deste ano. A montadora com maior queda, entre as quatro grandes, foi a Volkswagen que registrou queda de 12,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O que desencadeou essa reação no consumidor brasileiro, de trocar o tradicional por algo novo, provavelmente foi a qualidade, equipamentos de série, variedades de modelo e preço. Sim, estou comparando o Gol com o March. Não que um seja melhor que o outro, talvez até seja, mas a questão aqui é aquela velha história de que o comportamento do consumidor brasileiro tem mudado e está cada vez mais exigente.

Após um final de março com vendas pífias, a redução do IPI finalmente fez efeito. A média diária, em junho, chega a 15 mil e poucos. Em apenas seis dias úteis foram vendidos 85 mil veículos zero km.

Várias concessionárias de São Paulo estão oferecendo o Voyage 1.0 peladão por R$28.160. Esse preço é com redução de IPI? Segundo as próprias concessionárias sim.

Se por um lado os carros novos ficaram mais baratos, os usado ficaram ainda mais. Mesmo com a redução do IPI, o "desconto" das concessionárias e a redução nos preços de tabela, os carros 0km não ficaram tão baratos assim. O resultado? O efeito IPI reduzido passou longe de impulsionar as vendas.

Segundo o Notícias Automotivas , o Fiesta RoCam está sendo oferecido a partir de R$24.210 e a promoção "Upgrade" continua. Com isso o Fiesta se torna uma boa opção de compra. Enquanto o Hacth sai a partir de R$24.210, o Sedã sai a partir de R$26.100.

É o seguinte galera. O Auto Informe repassou o preço dos carros depois da redução do IPI. Numa lista de 77 carros, apenas 4 (QUATRO) tiveram redução de mais de 10%. A lista ainda mostra 14 carros que ficaram mais caros! Diante da minha indignação, reproduzo aqui o post do Auto Informe : Com a redução (eliminação no caso do motor 1.0) do IPI e a redução da margem das montadoras - medidas anunciadas na semana passada - os carros vendidos no Brasil ficaram mais baratos, certo? O propósito do governo foi este: baixar o preço para o consumidor, mas um levantamento feito pela Agência AutoInforme, com base na cotação de preços da Molicar, mostrou que uns poucos modelos baixaram efetivamente de preço, enquanto a maioria teve uma queda de preço menor do que se supunha com a renúncia fiscal e a queda da margem dos fabricantes. Pior: da lista de 77 carros pesquisados, 14 estão custando hoje mais caro do que na semana passada, antes da redução do IPI.

Este foi o primeiro fim de semana com a redução do IPI para carros 0km e o resultado foi o que já era esperado. Os carros que tiveram redução de 7% a 10%, foram os "encalhados" . O restante, pasmem, ficaram mais caros! E com a desculpa do IPI, algumas concessionárias vendiam esses carros com o preço antigo.